sábado, 3 de agosto de 2013

A CAVERNA REALISTA

 

Werner Jaeger (1888/1961)

"Para Homero, como para os Gregos em geral, as últimas fronteiras da ética não são convenções do mero dever, mas leis do ser. É na penetração do mundo por este amplo sentido da realidade, em relação ao qual todo o "realismo" aparece como irreal, que se baseia a força ilimitada da epopeia homérica."

Werner Jaeger ("Paidéia")

É o que WJ quer dizer quando explica que a "consideração psicológica e metafísica dum mesmo acontecimento não se excluem de modo nenhum".

Este estado de graça da primeira mundividência nunca considerou o homem como realidade separada frente à Natureza. Ele fazia parte, de facto, dum universo divino. Daí que a poesia fosse, naturalmente, mais verdadeira do que a própria filosofia.

Quando a ciência perdeu a consciência de si própria que era "o âmago da antiga ciência" (Allan Bloom), Deus e o universo passaram a fazer parte do Homem e a parte tomou-se pelo todo.

É isto a que chamamos realismo.

A sua expansão e aprofundamento não tem limites, mesmo se continuarmos na caverna de Platão.

 

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