domingo, 18 de agosto de 2013

O MARQUÊS DE HORÁCIO

 

Condorcet, que fugia aos Jacobinos, depois de ter criticado a Constituição Montanhista, foi denunciado pelo livro que trazia no bolso (Hugo). O lugar foi Bourg-La Reine, que se tinha tornado em Bourg-Egalité.

Era um livro do poeta Horácio, o menos 'subversivo' dos autores latinos. Mas esse gosto 'esquisito' foi suficiente para desmascarar o marquês filósofo e matemático, aos olhos dos zelosos cidadãos que o prenderam.

O fanatismo da razão é o pior dos fanatismos. Não precisa de ser auxiliado pela cólera para mostrar a lâmina. O actor que interpretou Robespierre no "Danton" de Wadja (Wojciech Pszoniak) revela-nos um homem imperturbável e glacial, desafecto: a sua pessoa desvia-se para deixar passar o comboio fantasma. O comboio com as faixas e as bandeiras do futuro, com a deusa da Razão no lugar do maquinista.

A ironia da situação não pode ter escapado ao iluminista. Traído por Horácio, Deus meu!

 

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