"Na ambiguidade dos valores, é sempre o falso que leva a melhor. É o nosso único recurso contra o indecidível, contra o desaparecimento dos critérios de verdade. Por conseguinte, quando os critérios estéticos de distinção desaparecem (como na apreciação da Arte actual), tudo faz referência ao carácter de autenticidade ou de falsidade. A autenticidade, a assinatura de uma obra, leva a melhor sobre o seu valor."
"O paroxista indiferente" (Jean Baudillard)
Diz Baudillard que, na era do vírus, da "vertigem da indiferença", o bem é contaminado pelo mal, e reciprocamente, deixando-nos sem poder distinguir.
Mas o bem e o mal já foram há muito substituídos pela teoria dos valores, também eles atacados pela ambiguidade e pelo artifício.
Esta obsessão por uma marca do "autêntico" que, em última análise, nos remete para o corpo físico, significa que "o falso levou virtualmente a melhor", ou, por outras palavras, que tudo se volveu insignificante e artificial e que já só podemos encontrar um critério válido fora do Mundo, numa Natureza que guarda ainda o segredo da fundação e da transcendência.
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