domingo, 23 de setembro de 2012

A MONOTONIA

Red (Mark Rothko)




"(...) e, como é sabido, não admitia que o classificassem de "colorista".
No entanto, também disse, numa exposição, que a cor "era tudo o que ali estava mas que não (era) contra a linha. Se a utilizasse, ela não estaria à altura da claridade que (tinha) para dizer"

"Sem título" (José Gil)




José Gil fala de imagem suicidária, a propósito da pintura de Mark Rothko. A extrema depuração das formas (apenas rectângulos de cor) deveriam conduzir a um impasse, e a verdade é que o pintor se suicidou, em 1970.

Nunca estive diante duma das suas telas, mas custa-me a imaginar poder sentir, mesmo aos 45 cm aconselhados pelo pintor, uma sugestão de transcendência envolvente.

A linguagem destes quadros aproxima-se muito da música minimalista e da repetição de notas e de ritmos.
Estamos perante uma comunicação derrogativa, no limiar, talvez, da santidade.

É o problema da monotonia. Alguns amam-na. Mas quem a compreende?

Em sintonia, a chuva cai melancolicamente.

1 comentários:

RMR disse...

sobre a ligação entre a música e a obra de Rothko existe uma composição excepcional do compositor americano da New York School, Morton Feldman, "Rothko Chapel, why patterns?".