"(...) a noção de complexidade emergiu de maneira
marginal numa esfera de matemáticos-engenheiros."
("Inteligência da Complexidade", Edgar Morin)
O que há de novo aqui? Já há muito sabíamos que a vida,
por exemplo, é 'complexa'. Certos cálculos também. Mas referíamo-nos, talvez, à
dificuldade da questão. E é certo que o computador desbravou essa fronteira,
fazendo recuar a dificuldade.
Mas o que a noção de complexidade traz de diferente,
sobretudo, quando aplicada às ciências sociais, é a consciência de que é
necessário um novo método para lidar com o que não se deixa 'esquematizar', nem
fechar dentro duma lógica própria.
Segundo Morin, o princípio do 'terceiro excluído' é particularmente inapropriado para decidir das
relações entre a 'parte' e o 'todo':
"É preciso avançar também o princípio hologrâmico ou
hologramático, segundo o qual não só uma parte está no interior de um todo, mas
também o todo está no interior da parte; tal como a totalidade do património
genético se encontra em cada célula do nosso organismo, também a sociedade como
um todo com a sua cultura está no interior do espírito do indivíduo."
O exemplo da economia, um conjunto de teorias que tem
avançado muito num terreno específico (graças à invasão da matemática ao serviço dos
'money snatchers'), mas desligado do todo de que faz parte a economia, em que A
pode ser também não-A: "Por exemplo, Espinosa é judeu e não-judeu, não é
judeu, nem não-judeu. É aqui que a dialógica é, não a resposta a estes
paradoxos, mas o meio de defrontá-los."
Será, talvez, um outro paradoxo que a origem deste novo conceito se encontre numa outra 'especialização' como a dos 'matemáticos-engenheiros'.
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