segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A COMPLEXIDADE E OS 'MONEY SNATCHERS'






"(...) a noção de complexidade emergiu de maneira marginal numa esfera de matemáticos-engenheiros."


("Inteligência da Complexidade", Edgar Morin)



O que há de novo aqui? Já há muito sabíamos que a vida, por exemplo, é 'complexa'. Certos cálculos também. Mas referíamo-nos, talvez, à dificuldade da questão. E é certo que o computador desbravou essa fronteira, fazendo recuar a dificuldade.

Mas o que a noção de complexidade traz de diferente, sobretudo, quando aplicada às ciências sociais, é a consciência de que é necessário um novo método para lidar com o que não se deixa 'esquematizar', nem fechar dentro duma lógica própria.  Segundo Morin, o princípio do 'terceiro excluído' é  particularmente inapropriado para decidir das relações entre a 'parte' e o 'todo':

"É preciso avançar também o princípio hologrâmico ou hologramático, segundo o qual não só uma parte está no interior de um todo, mas também o todo está no interior da parte; tal como a totalidade do património genético se encontra em cada célula do nosso organismo, também a sociedade como um todo com a sua cultura está no interior do espírito do indivíduo."

O exemplo da economia, um conjunto de teorias que tem avançado muito num terreno específico (graças à invasão da matemática ao serviço dos 'money snatchers'), mas desligado do todo de que faz parte a economia, em que A pode ser também não-A: "Por exemplo, Espinosa é judeu e não-judeu, não é judeu, nem não-judeu. É aqui que a dialógica é, não a resposta a estes paradoxos, mas o meio de defrontá-los."

Será, talvez, um outro paradoxo que a origem deste novo conceito se encontre numa outra 'especialização' como a dos 'matemáticos-engenheiros'.

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