quarta-feira, 5 de setembro de 2012

AS RAZÕES NA RAZÃO

O marquês de Sade na Bastilha



"'As paixões do meu vizinho são infinitamente menos temíveis do que a injustiça da lei, pois as paixões desse vizinho estão contidas pelas minhas e, em contrapartida, nada detém, ninguém pode afrontar as injustiças da lei.' Nada detém a lei porque não há nada acima dela e que por isso está sempre acima de mim. Eis por que até quando me serve, me oprime."


"A razão de Sade" (Maurice Blanchot)




É por isso que o libertino sadiano precisa de se sentir acima da lei, de sentir, inclusivé, que nada lhe deve (a uma qualquer justiça de classe). Isso corresponderia à 'liberdade' do seu ateísmo que pressupõe que os seus actos não estão sob o olhar de Deus.

Sade é 'revolucionário' à sua maneira e dum modo mais radical do que os jacobinos que o julgam imprestável no novo espírito. A razão de Sade (no fundo, a razão jacobina levada às últimas consequência) só tem lugar no hospício.

Foi uma solução de que não puderam beneficiar os dissidentes soviéticos dos primeiros tempos. Sade, de facto,  nunca se virou contra a Revolução. Mas era, decerto, um 'compagnon de route' perigoso.

Vissarionovich, esse, não precisava dos factos...

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