sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O PROBLEMA DE FUNDO

(Jeremy Rifkin)




"O mesmo fenómeno ocorre hoje. Os ganhos de produtividade trazidos pelas revoluções da informação e das telecomunicações estão finalmente a ser sentidos. O problema é que virtualmente todas as indústrias se confrontam com uma global subutilização da capacidade e uma insuficiente procura do consumidor. Os fabricantes americanos reportaram estar a utilizar menos de 73% da sua capacidade em Outubro de 2003. Mais uma vez, nos EUA, o crédito ao consumo tornou-se o medíocre paliativo, um modo de manter as máquinas da economia em aceleração, pelo menos por um tempo."


"The end of work" (Jeremy Rifkin)


Marx dizia que o capitalismo, pela maximização dos lucros, engendrava uma contradição insanável entre o modo de produção e as relações de produção. Sabemos como a sobrevivência e o dinamismo do sistema defraudou todas as expectativas 'beatas'.

O chamado Estado Social, nas suas diversas formas,  foi o correctivo necessário a que aquela contradição não se tornasse mortal para o sistema.

Mas Rifkin chama a atenção para uma outra contradição que realmente põe em causa as relações de produção e o modo capitalista, não a que poderia estar na origem duma revolução social, mas a que provém da 'menina dos olhos' da modernidade, causa próxima do grande incremento do consumismo: a tecnologia.

A revolução causada pela electricidade que veio de onda de choque em onda de choque a resultar na subutilização dos meios produtivos e no recurso desenfreado ao crédito ao consumo que geraram a crise dos anos 20 do século passado é como que o prefácio da crise golbal que hoje vivemos.

As dificuldades em abordar esta relativamente velha 'contradição'  do capitalismo são mais do que óbvias. A inovação tecnológica é uma força independente que se sofre como os caprichos dum deus menor.

Tal situação por si só destrói a argumentação do novo ou do velho liberalismo. Porque não se pode juntar o desenvolvimento 'anárquico' da tecnologia com os seus efeitos imprevisíveis, por exemplo, sobre o emprego, e as diabruras dum mercado desregulado.

Afinal o viver 'acima das suas possibilidades' não é uma originalidade nacional. Talvez seja mais adequado dizer que foi a solução tosca que o capitalismo congeminou para responder ao problema de fundo.

0 comentários: