(Jeremy Rifkin) |
"O mesmo fenómeno ocorre hoje. Os ganhos de
produtividade trazidos pelas revoluções da informação e das telecomunicações
estão finalmente a ser sentidos. O problema é que virtualmente todas as
indústrias se confrontam com uma global subutilização da capacidade e uma
insuficiente procura do consumidor. Os fabricantes americanos reportaram
estar a utilizar menos de 73% da sua capacidade em Outubro de 2003. Mais uma
vez, nos EUA, o crédito ao consumo tornou-se o medíocre paliativo, um modo de
manter as máquinas da economia em aceleração, pelo menos por um tempo."
"The end of work" (Jeremy Rifkin)
Marx dizia que o capitalismo, pela maximização dos
lucros, engendrava uma contradição insanável entre o modo de produção e as
relações de produção. Sabemos como a sobrevivência e o dinamismo do sistema
defraudou todas as expectativas 'beatas'.
O chamado Estado Social, nas suas diversas formas, foi o correctivo necessário a que aquela
contradição não se tornasse mortal para o sistema.
Mas Rifkin chama a atenção para uma outra contradição que
realmente põe em causa as relações de produção e o modo capitalista, não a que
poderia estar na origem duma revolução social, mas a que provém da 'menina dos
olhos' da modernidade, causa próxima do grande incremento do consumismo: a
tecnologia.
A revolução causada pela electricidade que veio de onda
de choque em onda de choque a resultar na subutilização dos meios produtivos e
no recurso desenfreado ao crédito ao consumo que geraram a crise dos anos 20 do
século passado é como que o prefácio da crise golbal que hoje vivemos.
As dificuldades em abordar esta relativamente velha
'contradição' do capitalismo são mais do
que óbvias. A inovação tecnológica é uma força independente que se sofre como
os caprichos dum deus menor.
Tal situação por si só destrói a argumentação do novo ou
do velho liberalismo. Porque não se pode juntar o desenvolvimento 'anárquico' da
tecnologia com os seus efeitos imprevisíveis, por exemplo, sobre o emprego, e as
diabruras dum mercado desregulado.
Afinal o viver 'acima das suas possibilidades' não é uma
originalidade nacional. Talvez seja mais adequado dizer que foi a solução tosca
que o capitalismo congeminou para responder ao problema de fundo.
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