sexta-feira, 7 de setembro de 2012

COBERTO/DESCOBERTO





(...) A maior parte do tempo, hoje, as mulheres só consideram o corpo do homem como um pedestal para a cabeça. Os homens estimam a beleza um pouco mais. Mas seria preciso reunir alguma vez numa praça todos os corpos nus com que eles encheram os nossos museus e as nossas exposições, e depois que um deles extraísse dessa multidão de lagartas brancas aqueles que seriam realmente belos. Notar-se-ia imediatamente que o corpo nu, normalmente, está apenas nu; nu como um rosto que trouxe uma barba durante dezenas de anos e que de súbito rapou. Mas belo? O facto das pessoas pararem quando aparece um ser realmente belo mostra que a beleza é um mistério; porque a beleza = amor e que o amor é precisamente um mistério, isso parece em traços grossos ser justo. Da mesma maneira, o facto de se ter perdido a noção de beleza (o comércio da arte) (...)”


O Homem sem Qualidades (Robert Musil )



Entretanto, o nu invadiu a publicidade, o teatro, a dança, etc. Só as praias e a pornografia continuaram, para glosar a comparação musiliana, a trazer barba.

1 comentários:

Anónimo disse...

A trazer água pela barba.

Maria Helena