sábado, 15 de setembro de 2012

O RADIOSO VIRTUAL

José Gil




"(...) a imagem virtual das novas tecnologias desfaz por toda a parte o efeito de sombra e de imaginário que traz à percepção o fechamento sobre si dos territórios existenciais. A extraordinária conexão de múltiplos campos heterogéneos que a imagem virtual induz, longe de "desmaterializar" ou "desrealizar" os objectos e os seres, torna-os mais reais porque actualiza o virtual que eles são. O real é o virtual."
José Gil ("Sem título")


A crise que a fotografia introduziu na pintura levou-a ao conceito. As figuras, a composição, o ritmo da formas, nada são sem uma ideia que torne a arte independente do mundo, deixando à natureza e ao modelo a função dum problema que suscita questões formais e poéticas, mas que já não é a verdade da pintura.

Esta situação não é alterada, parece-me, pela irrupção da imagem digital. Tudo se pode transformar em imagem, mas libertando também a arte visual das técnicas e dos suportes ligados à pintura a óleo.

A pintura vive um período post-mortem criado pelo mercado da arte. Mas os museus e o interior burguês mudarão de fisionomia quando os quase-objectos do virtual entrarem na cadeia de valor.

Teremos então estátuas e edifícios que não poderão ser tocados e sonhos que poderemos visitar como se fossem lugares. Tudo é cérebro.

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