"Conta-se que, quando lhe disseram na América que
não deixava sair os chineses do país, teria perguntado 'mas quantas dezenas de
milhões de chineses estariam dispostos a acolher na América?' E numa outra vez,
a quem acusava os Americanos de implantarem a sua indústria na China para
explorar os trabalhadores chineses respondera: 'mas por que outra razão pensam
então deveriam vir para a China?'"
(Giovanni De Sio Cesari)
O articulista diz com razão que todas as revoluções do
século XX falharam: 'falhou o nazismo, o comunismo, a revolução passional
sul-americana e até os governos 'revolucionários' dos países ex-coloniais por
certo não realizaram a esperança, por fim Gandhi foi posto em
'banho-maria'." Todas, excepto a
iniciada por um político quase desconhecido, sem carisma nem dom de palavra:
Deng Xiao Ping.
Hannah Arendt, ainda antes da implosão soviética,
considerava que, depois do falhanço da 'mãe de todas as revoluções modernas', a
Revolução Francesa (apesar da célebre tríade - Liberté, Égalité, Fraternité -
estar inscrita em todos os monumentos públicos), só a Revolução Americana tinha
vingado.
É talvez cedo para dizer se a retórica comunista
continuará a ornar a arquitectura chinesa de amanhã, mas podemos todos já hoje
constatar que a revolução chinesa se triunfar, se esse grande país continuar a
ter a importância mundial que já teve até ao final do século XVIII, isso será à
custa do ideal comunista.
Como Deng, magistralmente, soube conciliar a doutrina com
a sua subversão na prática, privilegiando o que, afinal, deveria ser o
desiderato de todas as revoluções: o bem do povo, assim os paradoxos da China
dos nossos dias são as 'linhas tortas' dum futuro mais esperançoso.
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