quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O CAMPANÁRIO



Paul Verlaine



Verlaine comparava a Torre Eiffel ao esqueleto duma torre de campanário. Um século depois ela continua a ser o ex-libris incontestado da cidade de Paris. Ultrapassada pela vertigem das novas construções, dos novos materiais, do 'design' é ainda um símbolo ambicioso da modernidade, do impulso para mais alto, como um foguetão que não chegou a partir, mas que guarda toda a sua força de propulsão.

Uma das imagens da última guerra mundial mais conhecidas é a de Hitler a torcer o pescoço para olhar para o alto da torre. O seu passeio relâmpago pela 'Cidade-Luz', no torpor que se seguiu à violação, é a tomada de posse do pequeno-burguês alcandorado aos fastos napoleónicos.

Naquele momento, a França na sua queda vivia dos símbolos que desafiavam a gravidade. O bem mais precioso estava por terra e parecia que ninguém ia levantá-lo do chão (Simone Weil). Mesmo o 'esqueleto dum campanário' é um ponto alto que mima os gestos necessários.



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