Paul Verlaine |
Verlaine comparava a Torre Eiffel ao esqueleto duma torre
de campanário. Um século depois ela continua a ser o ex-libris incontestado da
cidade de Paris. Ultrapassada pela vertigem das novas construções, dos novos
materiais, do 'design' é ainda um símbolo ambicioso da modernidade, do impulso
para mais alto, como um foguetão que não chegou a partir, mas que guarda toda a
sua força de propulsão.
Uma das imagens da última guerra mundial mais conhecidas
é a de Hitler a torcer o pescoço para olhar para o alto da torre. O seu passeio
relâmpago pela 'Cidade-Luz', no torpor que se seguiu à violação, é a tomada de
posse do pequeno-burguês alcandorado aos fastos napoleónicos.
Naquele momento, a França na sua queda vivia dos símbolos
que desafiavam a gravidade. O bem mais precioso estava por terra e parecia que
ninguém ia levantá-lo do chão (Simone Weil). Mesmo o 'esqueleto dum campanário' é um ponto
alto que mima os gestos necessários.
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