"(...) enquanto os arquiduques morriam com uma bomba
nos joelhos, dez milhões de homens passavam ao matadouro, seis milhões de
outros se faziam mutilar e os bancos emprestavam a juros acumulados somas cinco
vezes superiores à massa monetária em circulação no mundo. Ah, os bancos!
Solenes, forrados, sagrados."
"Da Vinci's Bicycle" (Guy Davenport)
Isto faz parte duma fantasia sobre Walser e a Primeira
Guerra Mundial. Mas, no que aos bancos diz respeito, reconhecemos a impressão
digital. São mesmo assim. Mas os banqueiros 'só' têm sobre o resto da
humanidade o poder de representarem todas as reincarnações satânicas do
dinheiro, muito para além da sua função 'institucional'.
A simbólica do ouro cuja importância se pode verificar em
todas as civilizações está presente no poder que se atribui ao dinheiro. Mas o
facto da 'alma dum mundo sem alma' se ter tornado 'abstracta', sem ligação à
experiência infantil (na visão freudiana) parece tender para uma maior
'desumanização', a par dum domínio de sistema, que estabelece as condições
favoráveis a um jogo da sorte, com pseudo-banqueiros.
A 'economia' independente da realidade é a ideologia dos
novos usurários. Eles não trabalham já para 'maior glória de Deus', mas para os
seus bónus. A responsabilidade pessoal num sistema que opera à velocidade da
luz e que tem de confiar em especialistas do algoritmo financeiro para ter um
pretexto de racionalidade, equivale à 'confiança' no sistema e justifica, por
parte dos pretensos decisores, o escandaloso serviço de si próprios.
A Banca tornou-se para os 'happy few' um sistema auto-colector
no centro do furacão económico.
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