"A cumplicidade iniciática refere-se a um saber, mas
também a um delito."
(Roberto Calasso)
Um saber que é preciso proteger da devassa, nem é preciso
dizer. Todas as sociedades místico-religiosas se desenvolvem em volta desse
núcleo, desse vazio (como dizia Barthes no "Império dos
Signos", a propósito do palácio do imperador, em Tóquio).
A outra peça do díptico é que, e dando razão a Freud,
nada mantém o centro do poder tão unido como a consciência da culpa (um outro
tipo de 'saber' naturalmente protegido). Só o crime colectivo e o sacrifício do
'cordeiro' selam a gravidade do começo, ao mesmo tempo que estabelecem a
igualdade 'não-natural' dos iniciados.
Pierre Bezuhov, em "Guerra e Paz", ao tentar a
via maçónica, não pôde deixar de se aperceber da vacuidade dos símbolos que,
por assim dizer, nasceram de necessidades intelectuais e sociais unicamente
'racionais'.
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