segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O INDIZÍVEL


Umberto Eco




Umberto Eco diz que Dante "evitara o xeque da poesia fazendo precisamente poesia do xeque, que não é poesia que quer dizer o indizível, mas poesia da impossibilidade de dizê-lo."

Isso corresponde a um horizonte que a contemplação não pode alcançar. Porque há maior limitação em querer 'traduzir' o 'indizível' com a má consciência de que somos obrigados a traí-lo e a tomá-lo pelo que não é ( aqui se estabelecendo uma relação 'impossível' com a verdade) do que em dizer como a impossibilidade nos afecta.

O 'indizível' transcende o misticismo e desafia no seu centro o agnóstico. E pode dizer-se que este 'contornar" do problema do ser por parte da poesia não vai sem que esta crie, ao mesmo tempo, o seu próprio indizível.

Talvez apenas o silêncio (e a música) nos permitam abordar sem artifício o que não podemos dizer.

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