Umberto Eco |
Umberto Eco diz que Dante "evitara o xeque da poesia
fazendo precisamente poesia do xeque, que não é poesia que quer dizer o
indizível, mas poesia da impossibilidade de dizê-lo."
Isso corresponde a um horizonte que a contemplação não
pode alcançar. Porque há maior limitação em querer 'traduzir' o 'indizível' com
a má consciência de que somos obrigados a traí-lo e a tomá-lo pelo que não é (
aqui se estabelecendo uma relação 'impossível' com a verdade) do que em dizer
como a impossibilidade nos afecta.
O 'indizível' transcende o misticismo e desafia no seu
centro o agnóstico. E pode dizer-se que este 'contornar" do problema do
ser por parte da poesia não vai sem que esta crie, ao mesmo tempo, o seu
próprio indizível.
Talvez apenas o silêncio (e a música) nos permitam
abordar sem artifício o que não podemos dizer.
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