quinta-feira, 6 de setembro de 2012

DE VILÕES E TELEVISÃO






O documentário de Marc Roche sobre a Goldman Sachs, apresentado recentemente pelo canal Arte, tem a eficácia e o 'punch' de outros denunciando esta e aquela situação. É essa mesma eficácia que nos põe de  sobreaviso. A linguagem é a do 'clip' publicitário, com a sua montagem alucinante e uma dramatização a 'toque de caixa', que nos habituamos a apreciar como arte de entretenimento, ainda que o seu principal objectivo seja vender-nos alguma coisa.

Talvez a televisão não seja o melhor meio para despertar as consciências e levar os cidadãos a agir. A indignação que provoca é diluída no programa seguinte.

É muito significativo que os políticos se dêem tanto trabalho para montar o seu espectáculo de 'transparência' e de 'democracia' na televisão e que seja a 'imagem' quase o único critério de sucesso. A verdade é que a televisão e as 'Luzes' transmitidas pelo pequeno ecrã têm um grande papel no apoliticismo moderno e na relativização da verdade.

Voltando à Goldman Sachs, corrija-se, em primeiro lugar, o título ( 'O Banco que dirige o mundo'). Não é um banco, porque vive de 'comer' tudo à sua volta. É o sexo do capitalismo mais obsceno. E não dirige nada. A sua estratégia é de curto prazo e o falso banco terá o fim que teria qualquer dinosauro do 'Parque Jurássico'.

O que falta é a revolta dos povos. Porque deve ser mais fácil erradicar a GS do que erradicar a máfia. Com efeito, não estamos perante um fenómeno social, mas uma espécie de vírus que mistura os algoritmos, a ganância e a tão banal ambição de 'dominar' o mundo de alguns vilões de Hollywood.


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