sábado, 7 de julho de 2012

VENTRÍLOQUOS

Louis Althusser


"Ele foi um guru, com tudo: textos, um culto, e verdadeiros crentes; e às vezes demonstrou discernimento do 'pathos' dos seus seguidores, ao notar que eles imitavam os seus "menores gestos e inflexões."

(Tony Judt)

Judt refere-se a Althusser, filósofo da moda nos anos 70, com uma visão "estruturalista" de Marx e que chocou o mundo com o assassínio da mulher.

O tempo não foi benevolente com a obra e a sua loucura será quase tudo que a história guardará.

Decerto que não se deduzirá dum desarranjo psíquico a sua interpretação de Marx e a irrelevância filisófica da tese. Quando se encontrar uma causalidade desse género, o espírito será um deus que deixou de nos acompanhar, regressando a casa, onde quer que isso seja.

Mas o que Judt diz sobre o "pathos" dos seus discípulos é uma verdade que já todos pudemos comprovar em relação a vários líderes políticos. O militante imita o chefe do partido nas inflexões da voz, como se a admiração tivesse incorporado algumas das suas características físicas. Isso é quase de certeza inconsciente e só se passa quando o líder é carismático, como se diz.

Esse fenómeno espontâneo de identificação tem, no entanto, um lado muito desagradável que é o de nos fazer lembrar a ventríloquia.

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