Johann Wolfgang von Goethe |
"Odeio tudo o que se limita a instruir-me, mas sem
aumentar ou revigorar directamente a minha actividade."
(Goethe)
Eis um pensamento que, segundo Alain de Botton, Nietzsche
gostava de citar, mas que pode ser limitativo da auto-instrução para nenhum
outro fim, além de si próprio, porque a "contemplação", na nossa
melhor tradição, é a mais nobre actividade da alma.
Não deveria ser isso que o autor do "Werther"
pretendia dizer. Já que parece certo que mesmo a actividade profissional
beneficia, indirectamente, de nos sentirmos bem connosco mesmos, na nossa
"assiette", como dizem os franceses, a alimentação do espírito
"contemplativo" (não será paradoxal a ideia de um espírito activo, no
sentido de que acompanha a acção?) é o que há de mais fundamental.
Eu comparo a instrução odiada por Goethe àquela
acumulação de informação ou de conhecimentos para alimentar a vaidade ou o
poder pessoal. E ainda assim, com alguma reserva. Na verdade, as nossas
melhores qualidades nascem muitas vezes duma paixão desviada do seu primeiro
objecto. Desde o "Tratado das Paixões" que isso não é novidade. E
Descartes é o melhor exemplo duma ambição que forneceu a energia necessária à
mais pura das contemplações.
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