Marco Pórcio Catão (234/149 AC) |
"Nunca um homem está mais activo do que quando não
faz nada, nunca está menos sozinho do que quando está com ele mesmo."
(atribuído a Catão por Cícero, citado por Hannah Arendt)
Parece que a perfeição do indivíduo está muito para trás
de nós... Mas essa ideia paradoxal da acção 'imóvel' e da sociedade 'interior'
foi uma das premissas do espantoso desenvolvimento do Cristianismo.
Essa perfeição (porque tudo o que é perfeito 'chegou ao
fim') deu lugar a um outro indivíduo, exterior, 'tributável', como diria o
Álvaro de Campos, que está na origem do moderno individualismo, quando a acção
se passou a julgar pelos resultados práticos e o diálogo do 'dois em um'
(Arendt) caiu na irrelevância das opiniões.
Essa transformação é o principal da democracia. Implica o
fim do sagrado e da hierarquia do mundo religioso.
Platão, que era um aristocrata, via nisso uma absoluta decadência.
Karl Popper, reconhecendo nele o primeiro dos filósofos, acusa as suas ideias
de envenenarem a nossa política e a nossa apreciação da liberdade. Mas, sem
dúvida, que o mesmo juízo deve estender-se ao 'veículo' religioso dessas
ideias: a tradição estóica e a do Cristianismo.
Porém, o oxímero de Catão continua, ainda hoje, a fazer
sentido.
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