segunda-feira, 30 de julho de 2012

CATÃO

Marco Pórcio Catão (234/149 AC)


"Nunca um homem está mais activo do que quando não faz nada, nunca está menos sozinho do que quando está com ele mesmo."


(atribuído a Catão por Cícero, citado por Hannah Arendt)

 

Parece que a perfeição do indivíduo está muito para trás de nós... Mas essa ideia paradoxal da acção 'imóvel' e da sociedade 'interior' foi uma das premissas do espantoso desenvolvimento do Cristianismo.

Essa perfeição (porque tudo o que é perfeito 'chegou ao fim') deu lugar a um outro indivíduo, exterior, 'tributável', como diria o Álvaro de Campos, que está na origem do moderno individualismo, quando a acção se passou a julgar pelos resultados práticos e o diálogo do 'dois em um' (Arendt) caiu na irrelevância das opiniões.

Essa transformação é o principal da democracia. Implica o fim do sagrado e da hierarquia do mundo religioso.

Platão, que era um aristocrata, via nisso uma absoluta decadência. Karl Popper, reconhecendo nele o primeiro dos filósofos, acusa as suas ideias de envenenarem a nossa política e a nossa apreciação da liberdade. Mas, sem dúvida, que o mesmo juízo deve estender-se ao 'veículo' religioso dessas ideias: a tradição estóica e a do  Cristianismo.

Porém, o oxímero de Catão continua, ainda hoje, a fazer sentido.

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