terça-feira, 31 de julho de 2012

ANTES DA REVOLUÇÃO


Soljenitsyne no seu "Lenine em Zurique" faz justiça ao grande líder?

Pergunta ociosa porque se trata de literatura. Sentimos que os traços principais estão lá. O anedotário histórico. As decepções, as intrigas, e sempre a vontade que, mesmo através da doença e da prostração, escava o seu túnel para a luz. O seu juízo, duro e sem nuances, sobre os companheiros de exílio, a sua dependência, para alguns surpreendente, da Krupskaya.

Talvez o autor pretendesse ser mais 'objectivo' do que parece ser. Mas as facetas que mereceram a atenção da sua escrita não enganam. Podia-se dizer, contudo, o mesmo de qualquer biografia, e sobretudo das autorizadas...

Uma hagiografia encontraria o seu caminho com os mesmos elementos e os mesmos factos. Soljenitsyne não fez um requisitório (longe disso). Parece preocupá-lo mais deixar a dúvida sobre as famosas qualidades 'carismáticas' (que, como acontece nestes casos, são sobretudo 'post-mortem') e a sua antevisão do futuro ( que, realmente, se pode comparar, numa situação completamente diferente, à de Allan Greenspan, à frente da Federal Reserve Board.

Se não adorarmos, é fácil conciliarmo-nos com uma perspectiva que põe o homem no seu lugar.

0 comentários: