Soljenitsyne no seu "Lenine em Zurique" faz
justiça ao grande líder?
Pergunta ociosa porque se trata de literatura. Sentimos
que os traços principais estão lá. O anedotário histórico. As decepções, as
intrigas, e sempre a vontade que, mesmo através da doença e da prostração,
escava o seu túnel para a luz. O seu juízo, duro e sem nuances, sobre os companheiros
de exílio, a sua dependência, para alguns surpreendente, da Krupskaya.
Talvez o autor pretendesse ser mais 'objectivo' do que
parece ser. Mas as facetas que mereceram a atenção da sua escrita não enganam.
Podia-se dizer, contudo, o mesmo de qualquer biografia, e sobretudo das autorizadas...
Uma hagiografia encontraria o seu caminho com os mesmos
elementos e os mesmos factos. Soljenitsyne não fez um requisitório (longe
disso). Parece preocupá-lo mais deixar a dúvida sobre as famosas qualidades
'carismáticas' (que, como acontece nestes casos, são sobretudo 'post-mortem') e
a sua antevisão do futuro ( que, realmente, se pode comparar, numa situação
completamente diferente, à de Allan Greenspan, à frente da Federal Reserve Board.
Se não adorarmos, é fácil conciliarmo-nos com uma
perspectiva que põe o homem no seu lugar.
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