"Descreditar o motivo da pergunta é sempre melhor do
que responder-lhe."
"The Anti-Death League" (Kingsley Amis)
Embora uma resposta pareça sempre mais civil e, no comércio,
se use o aforismo de que toda a carta merece resposta (nem que sejam só
'palavras a abater'), na política, não responder, quando isso é possível, é uma
posição mais forte do que ser obrigado a responder, mesmo que seja uma resposta
'ao lado'.
Ora, o silêncio, neste caso, equivale ao que Kingsley
chama de 'descreditar o motivo' da pergunta.
Num confronto televisivo, por exemplo, são várias as
técnicas de iludir uma resposta (responder 'por atacado', em vez de 'ponto por
ponto' é uma delas, sendo, geralmente o privilégio do último a falar), ou de
'dizer algo' sem qualquer pertinência para o caso, mas que tem a vantagem de
não se parecer 'encostado à parede' pelo adversário. É por isso que a televisão
não favorece o 'descrédito dos motivos' pela explícita não resposta. Tem de se
'salvar as aparências' de que é 'pelas palavras que os homens se entendem'.
Quando, a eficácia das palavras não é menor para criar e
manter o desentendimento...
Os partidos (e essa é uma consequência de serem
organizações com os seus fins próprios, não derivando da doutrina, como dizia
Simone Weil) são especialistas nessa actividade de desacreditar os motivos dos
outros e de praticarem, por sistema, a não-resposta.
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