quarta-feira, 16 de março de 2016

SHERMAN E CRASSO

William Sherman



"Um dia em que perguntaram a Crasso se disputaria o consulado, e em que ele não se importava de responder, deu como resposta uma bela frase: 'Sim, se for útil ao Estado, se não, não'."
(Paul Veyne)

São conhecidas outras respostas do género, entre a insolência e o 'pontapé para canto'.

Mas a posição de William Sherman, general da Guerra Civil, contra a ideia de uma qualquer obrigação de se candidatar ou de aceitar o cargo presidencial, fez história: "Aqui declaro, querendo dizer tudo o que digo, que nunca fui candidato a Presidente, nem nunca serei; que, se for nomeado por qualquer dos partidos, peremptoriamente declinarei; e que, mesmo se eleito por unanimidade, declinarei servir." (John F. Marszalek in Encyclopedia of the American Civil War-A Political, Social, and Military History; Wikipedia)

O que é que diferencia as duas declarações, a do homem mais rico do fim da República romana e a do general americano?

Marcus Licínio Crasso, apesar de toda a sua fortuna e do seu prestígio político, sente-se obrigado a prestar homenagem à 'coisa pública', por isso a sua resposta ressuma de hipocrisia. Como nunca se pode saber 'a priori' a utilidade do esforço cívico de qualquer cidadão, a resposta de Crasso é uma não-resposta e uma prosápia indigna.

Tudo na declaração do americano nos faz sentir o novo estatuto do indivíduo, fruto da revolução social e moral ocorrida entre os dois períodos da história. Sherman é um homem livre, comparado a Crasso. Isto apesar do poder ser tão desigual entre os dois.



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