quarta-feira, 9 de março de 2016

OVOS E OMOLETAS

Charles de Gaulle 


De Gaulle uma vez disse que as nações são ovos cozidos e que com ovos cozidos não se faziam omeletas. Assim reza a citação de José Cutileiro, no 'Expresso'.

A expressão parece-me feliz por expor a terrível simplificação de uma mudança total da sociedade ou de um seu reinício a partir de uma ideia abstracta.

É claro que desde a Revolução Francesa, se abriu a cortina de um mundo novo, tornado necessário por leis históricas recentemente descobertas pela universidade alemã e que o homem fez suas e antecipou como a célebre parteira, através da revolução.

O Novo Mundo (a descoberta da América) foi a primeira cortina aberta, mostrando que era possível criar uma nação de raiz. Nada parecia impedir a omoleta gaullista. Quem tinha os 'ovos já cozidos' era a nação francesa. O grande empreendimento enciclopédico serviu na altura para uma generalizada carência de bom senso e para uma tresloucada sensação de conhecimento. A liberdade acabou por ter as cores e a licença de um carnaval sangrento.

A complexidade da história social, da sua estática e da sua dinâmica (Comte), talvez só pudesse ser minimamente vislumbrada através dos erros da engenharia social, teoria que aparentemente nos permitiria falar de uma providência da História.

E é o mais fascinante de tudo isto. Não podemos, hoje, racionalmente admitir coisas como o destino e a providência, mas a alternativa é impensável.


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