(Hannah Arendt) |
"Contrariamente à nossa concepção de uma maturidade orientada para o futuro, os Romanos pensavam que a maturidade era dirigida para o passado."
(Hannah Arendt)
No entanto, assistimos a uma espécie de desenvolvimento histórico, desde a fundação de Roma até ao império (mas pode ver-se o começo da decadência logo a partir do fim da república).
A ideia de Arendt leva-nos a ver esse fenómeno com outros olhos. Mas temos de nos libertar das 'escamas' hegelianas e abdicar daquilo a que chamamos o processo histórico (talvez a herança dos post-hegelianos melhor conservada).
O passado refere-se a uma origem simbólica (753 AC, provavelmente) donde decorrre a legitimação do poder e da estrutura das classes sociais. Numa sociedade inspirada pela primeira astrologia, onde tudo está fixado para todo o sempre, o futuro nada tem a ver com uma eventual apoteose do homem (se o progresso científico não se destruir a si mesmo) que caracteriza os nossos mais do que incertos amanhãs.
Que faziam, então, os primeiros historiadores da nossa civilização? Em que é que a sua perspectiva era diferente da dos 'cronistas' modernos?
O registo de um Tito Lívio deveria ser, deste ponto de vista, conservador do passado para educação dos vindouros e assumiria a forma, 'nostálgica', de um 'afastamento' da origem (a idade de bronze, por exemplo, em relação à idade de ouro).
A incerteza do futuro que é o nosso fardo, o risco crescente, à medida em que ascendemos a uma espécie de consciência da globalidade, não nos permite senão o sentimento da fragilidade humana, ou o refúgio na paranóia revivalista.
0 comentários:
Enviar um comentário