terça-feira, 29 de março de 2016

PASSADO E FUTURO

(Hannah Arendt)



"Contrariamente à nossa concepção de uma maturidade orientada para o futuro, os Romanos pensavam que a maturidade era dirigida para o passado."
(Hannah Arendt)

No entanto, assistimos a uma espécie de desenvolvimento histórico, desde a fundação de Roma até ao império (mas pode ver-se o começo da decadência logo a partir do fim da república).

A ideia de Arendt leva-nos a ver esse fenómeno com outros olhos. Mas temos de nos libertar das 'escamas' hegelianas e abdicar daquilo a que chamamos o processo histórico (talvez a herança dos post-hegelianos melhor conservada).

O passado refere-se a uma origem simbólica (753 AC, provavelmente) donde decorrre a legitimação do poder e da estrutura das classes sociais. Numa sociedade inspirada pela primeira astrologia, onde tudo está fixado para todo o sempre, o futuro nada tem a ver com uma eventual apoteose do homem (se o progresso científico não se destruir a si mesmo) que caracteriza os nossos mais do que incertos amanhãs.

Que faziam, então, os primeiros historiadores da nossa civilização? Em que é que a sua perspectiva era diferente da dos 'cronistas' modernos?

O registo de um Tito Lívio deveria ser, deste ponto de vista, conservador do passado para educação dos vindouros e assumiria a forma, 'nostálgica', de um 'afastamento' da origem (a idade de bronze, por exemplo, em relação à idade de ouro).

A incerteza do futuro que é o nosso fardo, o risco crescente, à medida em que ascendemos a uma espécie de consciência da globalidade, não nos permite senão o sentimento da fragilidade humana, ou o refúgio na paranóia revivalista.



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