"Rua da Vergonha" (1956-Kenji Mizoguchi)
Em "Rua da Vergonha" de Kenji Misoguchi, o prostíbulo corre o risco de fechar, devido a uma lei em discussão no parlamento.
Todas as mulheres têm uma triste história por debaixo da pintura, escondida nos adereços da profissão.
É a esposa que sustenta o seu bebé e um marido doente, a jovem "Harpagon" que entesoura para não voltar a cair na miséria, a ingénua que conta com um casamento em vez da escravidão doméstica, tudo contado com a sensibilidade quase feminina de Mizoguchi.
A cena do jovem operário que marca um encontro com a mãe nas traseiras da fábrica para de vez a repudiar, fazendo-lhe sentir o quanto o transtorna o sublime sacrifício, destroçando todo um sonho de regeneração, comove-nos como o mais puro teatro grego.
Os dois são dilacerados por uma divindade intransigente. A gratidão é abafada pelo forte preconceito e a desilusão da velha cortesã é mais forte do que a sabedoria.
E os destroços separam-se pelos caminhos do remorso e da loucura sem possibilidade de apaziguamento.
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