(São Lucas) |
"Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus nem respeitava pessoa alguma. Na mesma cidade vivia também uma viúva que vinha com frequência à sua presença para lhe dizer: "Faz-me justiça contra o meu adversário." Ele, porém, durante muito tempo nada fez. Por fim reflectiu consigo: "Eu não temo a Deus nem respeito os homens; todavia já que esta viúva me importuna, far-lhe-ei justiça, senão ela não cessará de me molestar."
(S. Lucas)
Entretanto, o acesso directo das viúvas aos poderosos foi impedido pelos seguranças. Mas, claro, elas podem ainda ter a sorte, num país livre, de atrair as câmaras da televisão, e tornarem-se 'importunas' de outra maneira. Mas aí, a reparação da injustiça deve também ser mediatizada.
A ideia lucasiana é, porém, que a insistência do pobre compensa, porque o rico pode não querer saber da justiça, mas qualquer "mosca sem valor" é capaz de lhe dar cabo do sossego.
Sendo assim, tem alguma importância se a causa da viúva é justa ou injusta? O juíz da parábola só pretende livrar-se da mosca.
Será essa a 'arma' dos fracos? Tirar partido da fragilidade humana, descobrir o ponto fraco no mais arrogante e empedernido?
Seria esquecer que as relações, numa sociedade como a nossa, já não são apenas entre indivíduos, mas entre estes e entidades abstractas e organizações.
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