"Não há amor, Hélène, há só provas de amor."
("Les dames du bois de Boulogne", diálogos de Jean Cocteau)
Hélène quer saber se Jean já não a ama, como dizem alguns do seu círculo. Finge, então, que o amor por ele se está a transformar em amizade. Jean, aparentemente aliviado, revela que o mesmo se passa consigo e diz que, doravante, se deveriam considerar apenas amigos. Hélène procura vingar-se, manobrando para fazê-lo casar com uma ex-prostituta. Depois do casamento, Hélène mostra o jogo, mas Jean já está apaixonado pela jovem noiva em perigo de vida e perdoa-lhe.
Como em Proust, o amor é aqui "uma discussão sobre as provas". E Jean acaba por passar um atestado de inocência contra as provas.
Entre Jean e Hélène o que existe antes do rumor e do 'querer ver para crer' é a 'felicidade'. O amor começa logo por ser problemático quando depende da prova. Mas isso acontece desde sempre, e é o que quer dizer a eterna repetição das juras. É como se a fé no outro não bastasse. S. Tomás anuncia já o desafecto, o princípio de um jogo que leva à destruição do amor.
O ciumento perdeu o 'estado de graça'. Tudo o que vem a seguir é inquietude e desilusão. É o reino das provas, e elas nunca são suficientes.
O aviso feito a Hélène não se refere ao amor, mas ao inferno minucioso que Marcel descreveu.
0 comentários:
Enviar um comentário