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(Nas sociedades primitivas, a palavra mágica) "não descreve coisas nem relações entre coisas; tenta produzir efeitos e mudar o curso da natureza."
(Ernst Cassirer)
Enquanto que a função semântica procura garantir a universalidade do sentido, o uso mágico da palavra mostra-nos a origem do conceito de acção. Essa diferença, longe de se esbater no decurso da história, aprofundou-se nos nossos dias, mas está escondida no discurso moderno. A magia é a nova positividade, o mútuo esconjuro, o 'debate de ideias', e a política, a simples gestão de massas.
A entrada da política no terreno do espectáculo anunciava já o que agora se vai revelando. A passagem do testemunho da política ao entretenimento aproximar-nos-á da versão-farsa do Estado como 'administração das coisas', tão cara ao jovem Marx, dos "Manuscritos".
Tal subversão do estado de coisas é, porém, aparente. A partir de um certo grau de complexidade do mundo, não podemos mais dispensar a tecnologia numérica que rapidamente atinge o ponto de não-regresso na especialização drástica da sociedade humana (já a relação da maior parte das pessoas com o seu 'smartphone', por exemplo' é de natureza mágica). Com esse desenvolvimento, deixarão de fazer sentido palavras como a desigualdade e a justiça (um plano de 'reajustamento' não é justo nem injusto: é necessário, etc), como no seu tempo, para a Grécia clássica, não fazia sentido o 'problema' da escravatura; tivemos, pois, de arranjar outro nome para a mesma coisa, agora, sob relações de um outro tipo, num reino que já não é o da 'mercadoria'.
A própria democracia convive com isso desde sempre, o que é, aliás, um dos tais 'defeitos' que a tornam o pior dos regimes..."à excepção de todos os outros".
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