George Steiner fala de "um vórtice geral de pseudo-profundidade e arcaísmo que contaminou a língua alemã, desde Herder até Hitler."
Falta, normalmente, à análise desse 'vórtice', que foi o fenómeno do nazismo, o clima cultural em que se deixaram envolver algumas das figuras mais eminentes da elite alemã. Enquanto a república de Weimar se atascava irremediavelmente, os vapores desse ópio intelectual paralisavam a inteligência.
A contaminação da língua a que se refere Steiner foi o estado mais nocivo dessa 'pseudo-profundidade'. A nação, tendo de escolher entre o desespero e a fuga para a frente, predispôs-se a engolir a verborreia assassina do seu líder e a imitar o simulacro de vitalidade da sua exaltação furiosa.
De facto, a vulnerabilidade de qualquer língua à decomposição do pensamento não é algo que se possa iludir com um reforço académico ou regulamentar. E teríamos de ser muito mais subtís do que aquilo que somos para verificar se existe uma predisposição específica para a abstracção e a pseudo-profundidade na língua de Heidegger.
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