"Yakovlev disse a Gorbachev, em privado (depois do golpe), que falar da 'renovação' do partido era como prestar os primeiros socorros a um cadáver"."
(Archie Brown)
Somos tentados a crer que o PC permanece 'igual a si mesmo', que é a aparência que gosta de mostrar para dentro e para fora. E que estamos apenas diante de um 'golpe de rins' táctico. 'Apesar das gerações se substituirem umas às outras e dos 'velhos revolucionários', confinados ao último círculo das idades, se terem há muito conformado, como Moisés, a não poderem ver a Terra Prometida, a velha organização continuaria de 'pedra e cal', impenetrável às convulsões sociais, às novas ideias (a que gostam de chamar 'velhas e revelhas') e à revolução tecnológica, essa sim, efectiva e sem dissidências.
O ódio e a cegueira partidária são o soporífero de que se alimenta este 'sono dogmático'.
Parece que, depois de conhecido o resultado destas eleições, se acordou noutro país. A fractura do espelho autista no qual se reviram os comunistas durante tantas décadas, fez entrar a temida actualidade. Vai abrir-se a brecha para o mundo real, ou ganharão os Yakovlev?
O acontecimento de um partido comunista que arrisca sair da sua 'zona de conforto' utópica é em si mesmo de celebrar.
Na história contada por Orson Welles sobre o escorpião e a rã, vão ambos ao fundo, ao atravessar o rio, porque o primeiro cede ao seu carácter, em vez de seguir a lógica. O PS seria infalivelmente o batráquio dessa fábula, muitos anos atrás.
Mas alguém sabe, de facto, quanto é que mudámos, subterrâneamente, uns e outros?
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