terça-feira, 13 de outubro de 2015

APOSTA

Jürgen Habermas


"Uma vez que as ciências do espírito que procedem metodicamente se firmam num ideal de objectividade falso, ou seja inatingível, elas neutralizam os padrões necessários à vida e difundem um relativismo paralisante."

("Discurso Filosófico da Modernidade", Jürgen Habermas)


Veja-se o que a economia, com o alegado rigor do seu método, faz do seu 'objecto', a sociedade humana. Não há dúvida que o método, qualquer que seja o seu rigor, não pode servir de caução à ideologia económica, por exemplo. O rigor pertence ao 'procedimento' e não ao ideal de objectividade.

O ideal científico de um Karl Popper acolhe a 'verdade científica' desde que refutável e não definitiva. Logo, não sabemos se o grau de objectividade de uma asserção o aproxima do ideal (desde que não tomemos este por uma situação concreta).

Ricoeur, pelo seu lado, fala num 'círculo hermenêutico' de que não podemos sair, a não ser através de uma aposta. Não temos nenhuma certeza sobre a realidade futura (porque é o futuro que está em causa nas nossas projecções e no nosso julgamento sobre o passado e o presente), mas podemos acreditar que as nossas opções se baseiam no que temos de melhor.

Mas este é um assunto que transcende a política e a questão do melhor dos regimes.



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