"Almas Mortas" (Marc Chagall)
"Duas horas antes de jantar, ele retirava-se para o seu escritório, a fim de trabalhar seriamente numa obra que devia abarcar a Rússia inteira de todos os pontos de vista - civil, político, religioso, filosófico -, determinar o seu grande futuro, resolver os problemas difíceis na ordem do dia; tudo isso à maneira e sob a forma que afeiçoam os nossos contemporâneos. Aliás, esse empreendimento colossal estava ainda no estado de projecto(...)"
"As Almas Mortas" (Nicolai Gogol)
Esta é mais uma das etéreas personagens (Maiakowski dizia dele próprio que era uma nuvem com calças) que fazem o encanto do romance russo, figuras que, dir-se-ia, abatidas por um destino geográfico, em que fatalmente a desilusão se sucede à miragem dos grandes espaços e dos horizontes ilimitados.
Gogol satiriza aqui, magistralmente, a quimera dum conhecimento total ao alcance de qualquer espírito, e que parecia possível só porque as pessoas se haviam libertado de um mito (embora para abraçar outro).
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