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"É o Antigo Regime. Nem sequer falta o servo. [...] A tropa pensava muito na guerra contra o inimigo, e os oficiais pensavam muito na guerra contra a tropa.
(Alain)
O filósofo, ele próprio tarimbado nas trincheiras da primeira Guerra Mundial, quer julgar Marte, o deus da guerra. A certa altura observa que a guerra 'bem administrada' não tem fim. É uma máquina que encontra sempre objectivos para se perpetuar, como a burocracia. Por isso, os nazis tiveram tanto êxito junto de um povo disciplinado que admirava o protocolo e a eficiência como um fim em si mesma.
Do que não se fala tanto é da necessidade da máquina militar, que se alimenta dos seus mártires para levar o soldado à resistência do 'último quarto de hora', de se dotar de um dispositivo para 'espicaçar' a 'carne para canhão', através do poder absoluto dos oficiais sobre os seus homens. Poder tão absoluto que os aristocratas mais arrogantes jamais puderam desfrutar.
No fundo, a violência desse dispositivo, dessa guerra intestina, é quase sempre justificada por fins mais ou menos grandiloquentes, de um lado e do outro, e é impossível que o gosto pelo poder não faça parte da equação. Mas tudo isso é esquecido na contemplação das estátuas dos heróis.
Nos tempos da nobre cavalaria, era possível dirrimir um conflito de gentes através do combate das elites, ou dos melhores. Com a guerra tecnológica, em que o agressor pode 'vencer' sem perder homens, como num jogo virtual, parece que a violência exigida por uma radical instrumentalização, já pode ser dispensada.
O estado-maior superou a sua maior vulnerabilidade. É quase o raio de Zeus. Zeus, porém, foi vencido. O que há em seu lugar é o deus híbrido de uma nova mitologia, resultante do casamento de um titã com o computador.
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