sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O CASO DA PLAYBOY

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"Nunca consegui misturar-me ao murmúrio comum dessa geração ascendente contra a monogamia, porque nenhuma restrição aplicada ao sexo me parece tão estranha e inesperada quanto o próprio sexo."
"Orthodoxy" (G.K. Chesterton)

Em 'Masters of Sex', série televisiva da Showtime, assistimos, depois da revolução freudiana, nos anos cinquenta do século passado, ao dealbar dos estudos 'in corpus vile' sobre o sexo, levados a cabo por William Masters e Virginia Johnson.

Essa equipa pioneira encontrou, como era natural, alguns dos preconceitos mais arreigados de qualquer sociedade, tendo igualmente de enfrentar  a sua própria subjectividade, os seus sentimentos e inclinações, acreditando embora na imparcialidade e objectividade do 'método experimental'.

A psicanálise, a partir de um problema médico, criou o objecto da análise, pondo fim a um estado de inocência mais do que milenar, e o episódio da 'árvore do conhecimento' e o da 'expulsão do Paraíso' repetiram-se mais uma vez.

Ninguém já considera hoje o sexo com os olhos de Chesterton. Nada de 'estranho', de 'inesperado' ou de misterioso existe nos actuais preconceitos sexuais. Woody Allen já nos deu, num dos seus primeiros filmes, a parábola adequada, em que entram espermatozóides funcionários e cabines para o orgasmo instantâneo.

Por outro lado, o trabalho de implosão do imaginário, através da saturação das imagens, parece ter chegado ao fim de um ciclo, com o anúncio de Hugh Hefner, o patrão da 'Playboy', de que a revista iria, doravante, numa espécie de sequestro de Proserpina, esconder a nudez silicónica num inferno virtual.

Este gesto é característico das tácticas do sistema da moda (Barthes). A nudez, por essa e por outras razões, nunca foi 'real'. A 'Playboy', só consegue 'baralhar e voltar a dar'. 



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