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"A Natureza é o que falta à Lógica."
(G.W.F. Hegel)
Ninguém foi tão longe quanto o filósofo de Estugarda na sistematização da Lógica. Mas, contra a opinião dos seus detractores, que são muitos e alguns importantes para a Filosofia, Hegel era sabedor da diferença radical desta disciplina em relação à natureza.
Alain gostava de citar a lacónica observação do filósofo diante de uma montanha, objecto irredutíval, mas já modificado pela percepção que o constitui: "-É assim.", dizia Hegel.
Da Natureza não há nada a dizer, se não lançarmos sobre ela a rede das palavras e dos números que existe em nós e não na natureza. Claro que também a linguagem é natural e, do mesmo modo, a lógica, mas para compreender isso teríamos de conceber uma transcendência da Natureza, muito para lá da Física. Tão longínqua e inacessível que a seu propósito a própria filosofia tem de imitar Hegel, no momento em que conseguiu 'pensar' fora da lógica.
Aquele "É assim" tem muito a ver com a ideia da Necessidade, herdada dos Gregos. O que é 'necessário' tem de ser cumprido por deuses e homens, sem apelo nem agravo. Mas há um outro tipo de necessidade que parece servir a nossa inteligência, mais do que impor-nos um destino. Esta ferramenta prometeica permite-nos fantasmar o resgate de toda a condição transcendente.
Apesar de todos os avisos e prevenções contra o antropocentrismo, parece que mergulhamos mais fundo ainda na religião do homem.
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