quarta-feira, 6 de março de 2013

OS MISTÉRIOS DE DEMÉTER





Alain dizia que importava pouco que a criança lesse antes de compreender: "a beleza de um poema acaba sempre por dar a verdade do homem e o segredo das paixões."

Todos começamos assim, repetindo, imitando as palavras dos falantes. A poesia constrói, dentro de nós, a habitação humana pelo 'tempo e o modo'. Não é pouco fazer o cônvavo do que há-de procurar lugar, ou abrir para o rio das emoções o leito da memória.

Se me dizem que a consciência deve regular sempre a aprendizagem do homem e que, por exemplo, a influência da religião deveria ter, em qualquer dos casos, o consentimento adulto e responsável, parece-me que quem o diz poderia defender, igualmente, que a educação (do latim 'ex ducere', encaminhar) deverá esperar pela maturidade.

Guiar uma criança seria, então, um abuso (veja-se no que deram as ideias praticadas em Summerhill, em que se invocam os 'direitos humanos' contra a educação 'directiva' das crianças). Foi a extremos como este que chegaram o individualismo e o 'politicamente correcto'.


A verdade é que nunca alcançaremos a compreensão de um grande texto literário ou duma verdadeira obra de arte se não tiver germinado em nós a semente misteriosa que outros lançaram em nós sem nos perguntarem se sabíamos o que isso era. Como poderíamos saber?

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