segunda-feira, 25 de março de 2013

A HIPÓTESE DO UNIVERSO NÃO É NECESSÁRIA


"O mapa mais pormenorizado de como era o Universo 380 mil anos depois do Big Bang foi divulgado esta quinta-feira."
( do 'Público' de 21/3/13)

Compreendo que os cientistas não devam falar do que ninguém sabe, das questões que permanecerão, 'ad aeternum', insolúveis porquanto não podem ser objecto do conhecimento científico.

Assim, sempre que alguma descoberta se refere ao universo, temos de rapidamente fazer uma adaptação semântica que nos restitua o verdadeiro contexto. É que este universo de que se fala com tanta suficiência na divulgação científica não é, nem nunca poderia ser "o" universo, pelo menos segundo o que a palavra quer dizer. E não me refiro às especulações sobre os "universos paralelos" de que fala Michio Kaku e explorados na ficção científica, mas à impossibilidade de alguma vez se provar que a origem 'deste' universo, o célebre 'Big Bang', não seja um de inumeráveis recomeços, duma 'parte' apenas do verdadeiro universo.

As aporias filosóficas do nosso saber sobre o cosmos não foram vencidas pelo extraordinário desenvolvimento dos nossos telescópios e da nossa observação indirecta. Foram apenas 'varridas para debaixo do tapete' duma incomensurável vaidade.

Parafraseando a resposta de Laplace a Napoleão, poderíamos, pois, dizer que a hipótese do universo-universo não é realmente necessária.

Assim se vai convencendo a maioria dos leigos de que o poder da ciência não tem limites, fomentando um espírito de credulidade que predispõe as pessoas a confundirem as proezas tecnológicas com o desenvolvimento humano e o descobrimento da "verdade". É o mesmo espírito que entronizou meia-dúzia de especialistas em 'economia' e os seus discípulos, para desgraça da União europeia.

 

0 comentários: