Não é fácil para nós que já nascemos no meio das lâmpadas e dos electrodomésticos imaginar o que seria viver antes, no tempo em que a noite não podia ser ignorada e que nas ruas bastava olhar para o céu para se sentir a sua presença.
Pode dizer-se que, mais do que nenhuma outra causa, a electricidade nos tornou independentes do ritmo natural do dia e da noite.
Procuro um efeito tão forte nas nossas vidas, derivado da revolução dos computadores, e vejo o espaço abolido (as distâncias deixaram de contar para a comunicação), a memória transferida para um cérebro gigante e o corpo em vias de perder a sua realidade. Todos podemos levar a vida de Denise (em "Denise telefona" de Hal Salmer).
Mas acendem-se ainda velas, apesar da corrente e os corpos continuarão a desafiar a comunicação com belos e eternos problemas, pese embora todo o software de ponta.
Mas terão que ser, cada vez mais, escolhas.
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