"Nisto, ela estendeu a mão e colocou-a sobre a minha enquanto se ria franzindo o nariz; rindo com tanta candura, tanta leveza e ausência de esforço, que ali e naquele momento decidi amá-la."
"The Alexandria Quartet" (Lawrence Durrell)
Tratar-se-ia, então de uma decisão? É verdade que nunca saberemos o que queremos sem uma escolha, quer ela tenha um motivo racional ou não.
"Ali e naquele momento", Darcy, o inglês encantado na cidade de Kavafis, perdido nos seus labirintos, entregou-se ao vislumbre de felicidade que Melissa, a 'traviata' de Alexandria, lhe oferece num sorriso de 'grande abertura', como se diz da objectiva em fotografia. Melissa queria seduzí-lo com essa espontaneidade? Talvez nem tenha pensado nisso.
Mas também ela decidiu, 'ali e naquele momento', intuitivamente, sem deliberação, entregar-se.
Ora, essa não é a única decisão do amor. O 'piloto automático' da paixão entra em greve frequentemente, até se despedir de vez. Apesar do que dizem os romances de gare, o amor não vive duma jura eterna, mas dum renovo constante dos votos.
É que aquele 'ali e naquele momento' quer dizer isso mesmo e, em breve, se perde no tempo e na distância.
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