"Django Libertado" |
O problema decisivo para Lincoln, a escravatura no seu país, nó górdio que custou uma guerra civil, foi revisitado por Tarantino que lhe dedicou uma espécie de ópera bufa que representa um fantasmático e heróico corte desse 'nó'. Tal como tinha feito, de resto, em relação ao nazismo, com 'Inglourious Basterds'.
A linguagem do 'western-spaguetti presta-se ao estilo truculento e ao grafismo do sangue do cineasta. O triunfo de Django é uma antecipação feérica do desfecho da guerra que estava ainda para vir.
Pelo meio, o racismo de lugares como o Mississipi, o anacronismo gritante do sistema de castas nele inspirado é o motivo de algumas cenas extraordinárias, como a do 'raid' dos Ku Klux Klan 'prejudicado' pelas fendas para os olhos mal cortadas. O líder, diante o problema dos encapuçados não verem, aconselha-os a deixarem-se guiar pelos cavalos. Ou da lição de frenologia de Monsieur Candie, dono da plantação.
Um racista diria que este é um filme de 'nigger-lovers' que pretendem refutar a tese da frenologia de Candie, inventando, 'a posteriori', um 'Spartacus' no Mississipi.
Mas é mais justo dizer-se que o verdadeiro herói do filme é a Némesis do 'faz-de-conta', com os olhos postos na plateia do 'politicamente correcto'. Graças a esse olhar, o filme pode até ser dirigido aos sulistas.
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