quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

HIMALAIAS



" Há o Himalaia e há a Convenção."

(Victor Hugo in 'Quatrevingt-treize')



A História comparada com o relevo da Terra. Mas há mais nessa comparação: a força irresistível e imprevisível dos grandes movimentos da Natureza.

O ano 93 do século XVIII assistiu a esse desencadear de paixões políticas que culminou nos massacres do Terror. O romance começa, no Canal da Mancha, pelos golpes cegos, de um bordo ao outro, de um canhão solto pela tempestade.

A metáfora sugere que as matanças desse ano terrível, na sequência da Revolução, não têm mais lógica do que os golpes do canhão do prólogo. Não terão lógica segundo a razão, mas têm-na toda segundo a mecânica (a das grandes massas e a social, no caso) e o plano inclinado do convés ou do descalabro económico.

Mas o poeta soube encontrar nisso a beleza do terrível, do sublime esmagador. O Himalaia não é apenas o resultado duma catástrofe telúrica. É também o lugar mais alto do planeta.

E é como se a Revolução francesa fosse grande, porque o homem nela se perde...

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