terça-feira, 1 de janeiro de 2013

COLONATOS




"(Edward ) Blakely diz que o crescimento de comunidades muradas refecte tanto uma preocupação pela segurança pessoal como 'um recuo da responsabilidade cívica.'"

(Jeremy Rifkin)


O fenómeno do condomínio fechado, com segurança privada, o seu 'shopping' e a sua zona de convivío, parece-se muito com o do turismo de luxo em alguns países do terceiro mundo.

Os que desfrutam desse 'paraíso artificial' podem desconhecer tudo da realidade que os rodeia e, não seria preciso dizê-lo, não sentir qualquer tipo de responsabilidade pela miséria circundante ou a falta de liberdade. Pelo contrário, são levados a pensar que contribuem, com seu padrão de consumo, para o progresso da economia do país onde passam férias ou gozam o seu ócio milionário.

Quando certas elites adoptam este estilo de vida no seu país é como se colonizassem o seu próprio povo e esvaziassem de todo o conteúdo o pacto político com as restantes classes.

Platão explicou na "República" de que modo as democracias do seu tempo degeneravam em tiranias. O 'ventre' insaciável (aqui identificado com as paixões populares) destruia qualquer hipótese de ordem, a qual tinha de ser restabelecida por um ditador "temporário", mas normalmente "vitalício".

É preciso reconhecer que Estado moderno possui outro grau de sofisticação. A democracia é tão indirecta e "representada" que o "ventre" é moderado muito antes de se impor aos seus míticos parceiros de governança (a Cabeça e o Leão).

Os condomínios-fortaleza (sem ameias, mas muita electrónica e câmaras de vigilância) reflectem assim o medo do abismo criado entre as classes. No seu isolamento, os sumo-privilegiados deixam também de contribuir para a solução do escândalo social que os levou até ali.

 


 

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