"A Escola de Atenas" |
"A pessoa fatiga-se de ser Platónica, e é isso que significa Aristóteles [...]. É preciso viver; e, todavia, isso foi o que Platão nunca disse."
(Alain)
Há uma acepção popular da palavra platónico. Toda a gente sabe o que quer dizer. Designa qualquer coisa de irrealizável e, no emprego mais comum, referida ao sexo, a palavra significa a não-consumação e a irrelevância.
Singularidade do filósofo que nos deu um novo vocábulo remotamente ligado às ideias que professou ou será que esse 'amor platónico' tem a ver com a nossa maneira de ser e de pensar? Por outras palavras não representará esse conceito o molde de todos os idealismos?
Platão ter-se-á 'limitado', então, a descrever o espírito 'tout court'.
O 'Doutor Jivago', por exemplo, é um testemunho sobre essa necessidade de viver, premente e urgente, face à ideia grandiosa que representava a Revolução. Os piores tiranos foram homens duma ideia. Mas também os heróis e os santos foram impiedosos à sua maneira.
Viver com as raizes no céu não é possível por muito tempo. É a altura do discípulo se revoltar contra o mestre. Aristóteles trouxe o peso terrestre (que a Igreja, mais tarde, fez outra vez levitar). Os dois momentos são necessários, como o gesto do indicador para cima ou para baixo, de Da Vinci e Miguel Ângelo que nos representa Rafael na 'Escola da Atenas'.
Enfim, não foi só Platão que nunca o disse, pois Aristóteles, pela sua parte, também não.
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