"Ela (Inès) está zangada, mas como sempre com as mulheres, isso cobre-se de uma outra roupagem: o disfarce das 'divergências teóricas'"
"Lénine à Zurich" (Soljenitsyne)
Todo um programa nestas palavras! Inessa Armand não tem, realmente, divergências teóricas com Oulianov, está apenas decepcionada com ele, como amante e com a sua fidelidade indefectível a Krupskaya. Continuaria ainda zangada quando criticou o acordo de Brest-Litovsk que permitiu aos bolcheviques livrarem-se da guerra mundial?
Quanto ao disfarce das verdadeiras razões de uma disputa, os homens não são menos useiros do que as mulheres. Tais artifícios são, de resto, muito úteis na diplomacia.
Aquele 'como sempre' de Soljenitsyne é um puro preconceito que, no despique entre os sexos, revela o receio do homem de ser ultrapassado pela astúcia feminina, ou o de ver arrastar a questão para o terreno dos sentimentos onde a mulher reina indiscutivelmente.
São confissões como esta (dum preconceito arreigado) que prendem a escrita à terra.
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