quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

AS NOSSAS CERTEZAS

S. Jerónimo



"Quando o Novo Testamento foi traduzido do Grego para o Latim por S. Jerónimo, 'pistis' tornou-se 'fides' ('lealdade'). 'Fides não tinha forma verbal, assim, para 'pisteuo' Jerónimo utilizou o verbo latino 'credo', uma palavra derivada de 'cor do', 'dou o meu coração'. Ele não pensou em utilizar 'opinor' ('defendo uma opinião').


"The case for God" (Karen Armstrong)



A fé não é uma opinião, qualquer que seja o grau de convicção... Mas poderei dizer 'penso que isto é verdade' sem 'crer' de alguma maneira?

Quando o homem de ciência faz uma declaração 'verdadeira até prova em contrário' exprime uma opinião fundamentada no método científico, ou 'confia', 'dá o seu coração', acredita, enfim, que a sua declaração é verdadeira (ou a que mais se aproxima da verdade)?

Parece que estamos no domínio da 'lealdade' e do 'coração', tanto quanto do 'discurso do método'. No amor, por outro lado, não é e admissível o limite do 'até prova em contrário'. Porque o amor é 'contra as provas', ou apesar delas.

É aqui que se separam as águas. A crença está na origem de todas as nossas certezas. Mesmo para sustentar uma hipótese científica é preciso algo de mais importante do que a lógica. Mas a fé do 'credo' tem qualquer coisa do amor. É 'incorrigível' face à experiência.

Noutro domínio, é preciso compreender assim o horror ao 'revisionismo'.

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