terça-feira, 8 de janeiro de 2013

CRASSUS

Laurence Olivier

"Um dia perguntaram a Crassus se ele iria disputar o consulado, ele não se fez rogado e respondeu com uma bela frase: Sim, se isso for útil ao Estado, se não, não."


(Paul Veyne)


Faz lembrar a célebre deixa de Nixon: 'se for chamado, servirei.' ('If called, I will serve.') O manhoso esconde a sua ambição sob o 'manto diáfano' do dever.

Crassus era o homem mais rico de Roma. Olivier deixou-nos o melhor retrato da sua soberba no 'Spartacus' de Kubrick. A impudência da sua resposta devia notar-se na atitude e no tom de voz. Assim, está ao abrigo de toda a crítica. Ele disse o que era preciso dizer.

Por outro lado, (era por causa desta expressão que outro presidente americano, Lyndon Johson, queria um conselheiro maneta - em inglês diz-se 'on the other hand', na outra mão.) o ambicioso, ao seguir a sua paixão pode, sinceramente, sentir-se útil ao Estado. O que seria a política sem ambiciosos? Ou a literatura, ou uma arte qualquer.

Sem energia não se vai longe. Por isso os velhos são bons conselheiros, mas a acção precisa de alguma força apaixonada, que saia do círculo vicioso das deliberações.

De facto, não decidimos as nossas acções. Continuamos o que já se encontra em marcha...

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