quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A PELE DAS IMAGENS

Rainer Maria Rilke



Há nas imagens uma perfeição que nos permite patinar, sem sair da sua superfície lisa. 

O estilo MTV é o extremo dessa irrealidade. A vida não tem espessura, nem duração. E tem o sentido dum chão de gare riscado por milhões de passos.

Dizem que vivemos num mundo de imagens e que uma imagem vale mais do que não sei quantos discursos. Não sei. 

Não podemos pensar por imagens, e uma imagem pode seduzir-me, mas nunca convencer-me (depois do digital, haverá imagens fidedignas?).

E quando é que uma imagem me abrirá o mundo da 3ª Elegia de Duíno?

“(...) Escuta, como a noite se arredonda e se cava. Ó estrelas, não provém de vós o desejo do amante pela face da amada? Não lhe vem este olhar íntimo, que penetra na face pura dela, da pureza dos astros?(...)”


Rainer Maria Rilke (As Elegias de Duíno – tradução de Paulo Quintela)

1 comentários:

Anónimo disse...

Não sei se vou dizer um completo disparate mas sabe qual foi o momento em que duvidei do que a imagem me diz? Ou será que duvidei de mim?
Quando vi fotografias de desfiles da Alemanha de Hitler e achei bonitas.

Maria Helena