"(...) mas quando o Coelho realmente SACOU UM
RELÓGIO DO BOLSO DO SEU COLETE, e olhou para ele, e logo se deu pressa, Alice
pôs-se de pé, porque lhe ocorreu num relâmpago que nunca antes tinha visto um
coelho quer com um bolso de colete, quer com um relógio para tirar dele, e
ardendo de curiosidade, correu através do campo atrás dele, e, por sorte, a
tempo de o ver saltar para dentro duma larga toca de coelho por baixo da
sebe."
"Alice's Adventures in Wonderland" (Lewis Carroll)
Coelhos com pressa de chegar a algum lado, com relógio e
bolso de colete, é um espectáculo que se repete demasiadas vezes para despertar
a nossa curiosidade e muito menos para saltarmos a pés juntos para o fundo dum
buraco desconhecido, como Alice.
John Updike, nos anos 60, escreveu uma novela sobre um
outro fugidio 'Rabbit' (coelho, em inglês), antiga estrela de basquetebol, que
corre duma miséria para outra, atrás da glória do passado.
É claro que o buraco em que estes leporídeos se metem não
se encontra na natureza, mas só no 'País das Maravilhas". A intrépida
Alice é, na verdade, uma exploradora da nossa mente. É curioso que a primeira
impressão no seu sonho esteja ligada ao tempo, ao tempo que falta a todas as
criaturas estranhas, do Chapeleiro à Rainha (com a figura do Gato de Cheshire
e os seus 'disparates' como ponto fixo) que povoam o mundo para lá de todas as
tocas de coelho.
E não era Alice que dizia que se tivesse um mundo só dela,
deveria ser um mundo do disparate, porque seria o contrário deste? Ou é ao contrário?
"I'm late, I'm late, I'm late."
0 comentários:
Enviar um comentário