"Já não há terra secreta, os catálogos de viagem
cobrem, com mapas pormenorizados,
90%
dos segredos. Os heróis vieram directamente
das lendas para os
parlamentos;"
(Gonçalo Tavares:"Uma viagem à Índia")
Tudo o que vive está sob escrutínio, à medida que as
comunicações se tornam uma gigantesca prótese do cérebro.
E é, evidentemente, impossível voltar a um estado
menos...complexo.
Estamo-nos, pois,
a despedir, neste nosso século XXI, duma espécie de infância do mundo.
Tudo se cobre da nossa nostalgia ou nos parece mais pequeno, quando voltámos
aos mesmos lugares. A experiência passada tem uma geografia que não confere com
os mapas.
Uma das consequências do GPS é a de não precisarmos de
mapas nem de usarmos a boca "para chegar a Roma". De certo modo, essa
ubiquidade da informação parece que nos infantiliza. É como termos um
"anjo da guarda".
Na verdade, isso é fazer parte dos novos neurónios. E não
sabemos que espécie de indivíduo vai sair daí.
Gonçalo Tavares refere-se a um mundo perdido de lendas e
heróis. E aquele advérbio exprime bem a velocidade com que o perdemos.
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