segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A POÉTICA DA SAUDADE





"A palavra poética não se opõe apenas à linguagem comum, mas também à linguagem do pensamento. Nesta palavra, não somos mais reenviados para o mundo [...]. Nela, o mundo recua.".


(Maurice Blanchot, in "L'espace littéraire", cit. Jean-Pierre Cometti)


O mundo recua para fazer espaço a um mundo 'criado', regido pelas suas próprias leis, mas que não perdeu o outro 'de vista'. Se não, como teria sido possível o nascimento da poesia?

De resto, todas as nossas construções teóricas, as próprias ideias políticas que nos 'reenviam para o mundo' podem tornar-se 'poéticas' pelo desaparecimento desse mundo, pelo anacronismo, enfim.

Se pensarmos no papel dos deuses na vida dos Romanos ou dos antigos Gregos, vemos a poesia mancomunada com a política.

Hoje, porém, o território poético e o político parecem claramente demarcados. Mas basta falarmos com um 'saudosista', de qualquer sinal, para nos darmos conta que não é assim.

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