"A palavra poética não se opõe apenas à linguagem
comum, mas também à linguagem do pensamento. Nesta palavra, não somos mais
reenviados para o mundo [...]. Nela, o mundo recua.".
(Maurice Blanchot, in "L'espace littéraire", cit.
Jean-Pierre Cometti)
O mundo recua para fazer espaço a um mundo 'criado',
regido pelas suas próprias leis, mas que não perdeu o outro 'de vista'. Se não,
como teria sido possível o nascimento da poesia?
De resto, todas as nossas construções teóricas, as
próprias ideias políticas que nos 'reenviam para o mundo' podem tornar-se
'poéticas' pelo desaparecimento desse mundo, pelo anacronismo, enfim.
Se pensarmos no papel dos deuses na vida dos Romanos ou
dos antigos Gregos, vemos a poesia mancomunada com a política.
Hoje, porém, o território poético e o político parecem
claramente demarcados. Mas basta falarmos com um 'saudosista', de qualquer sinal,
para nos darmos conta que não é assim.
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