Alexandria (The Barrallier Blog) |
"O amor é horrivelmente estável, e a cada um de nós
é atribuída apenas uma certa parcela, uma ração. Pode aparecer numa infinidade
de formas e ligar-se a uma infinidade de pessoas. Mas é limitada em quantidade.
Pode gastar-se, ficar deteriorada e desvanecer-se antes de alcançar o seu
objecto. Porque o seu destino reside algures nas mais profundas regiões da
psique onde acabará por se reconhecer como tendo vida própria, no terreno sobre
o qual construímos uma espécie de saúde da psique. Não me refiro ao egoísmo nem
ao narcisismo."
"The Alexandria Quartet" (Lawrence Durrell)
É Clea quem o diz a Darcy, o narrador. O amor dirige-se a
um objecto profundo dentro de nós, mas que não se confunde connosco. O outro
que o intercepta seria uma espécie de catalisador, na condição de não se tomar
ele como o verdadeiro objecto. Não é isso que se chama amar o amor?
Simone Weil dizia que o que é sagrado em cada um de nós é
impessoal. O subjectivo é o 'véu de Maya'.
Clea era tão 'feliz' com esta ideia do amor que se sentia
livre no interior do 'pathos', o que é o 'amor fati' dos estóicos. Se a porção
não chega ao seu destino, não é 'necessário' que assim seja?
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